Além das cotas: quanto custa a inclusão de pessoas com deficiência nas empresas? 

quanto custa a inclusão de pessoas com deficiência nas empresas?

A palestrante e publicitária Nana Datto convida a uma reflexão sobre os investimentos necessários para promover a real inclusão de pessoas com deficiência nas  empresas

A inclusão de pessoas com deficiência (PCD) no mercado de trabalho é garantida por uma lei federal que completou trinta anos em 2021. De acordo com a legislação, as empresas que possuem 100 ou mais colaboradores em seus quadros devem destinar entre 2% a 5% dos cargos da empresa para PCDs. E quem não cumpre a cota está sujeito a multas. A iniciativa é excelente e, ao longo das últimas três décadas, vem garantindo que cada vez mais pessoas com deficiência tenham acesso ao mercado de trabalho. 

Porém, a simples existência da lei não significa que vai haver condições de trabalho dignas para as PCDs. Muito além da regra estabelecida pela legislação, é preciso que as empresas invistam em acessibilidade para que sejam realmente companhias inclusivas e justas. E o investimento não é apenas financeiro, mas envolve também a criação de uma cultura organizacional que promova a diversidade. 

É importante lembrar que a acessibilidade vai muito além da parte física. Acessibilidade atitudinal, arquitetônica, comunicacional, instrumental, metodológica e programática são outras necessidades importantes que devem ser consideradas. 

LEIA MAIS

Precisamos falar sobre equidade

O que significa acessibilidade nas empresas?

Investir em acessibilidade significa preparar uma empresa para que seja acessível a todos, independentemente do nível de autonomia de cada um em relação à mobilidade. Em outras palavras, uma empresa acessível é um lugar onde qualquer pessoa pode entrar, sair e transitar com autonomia e dignidade. 

Alguns cuidados devem ser gerais, como por exemplo a instalação de banheiros acessíveis, rampas de acesso, corrimãos e pisos táteis. Estes equipamentos tornam os espaços mais acessíveis tanto para quem trabalha na empresa como para clientes, fornecedores e visitantes em geral. Mas também é preciso ficar atento às necessidades de cada colaborador.

Se a empresa tem um funcionário de baixa estatura, por exemplo, os corrimãos precisam estar instalados na altura adequada. Da mesma forma, colaboradores autistas podem precisar de um ambiente adaptado às suas especificidades sensoriais.

O investimento em inclusão de pessoas com deficiência nas empresas vale a pena?

O custo para fazer a adequação de uma empresa para que ela seja acessível a pessoas com deficiência nem sempre é barato. Enquanto uma rampa de acesso pode ser construída com até R$ 1 mil, dependendo do tamanho, o custo da instalação de um elevador chega a R$ 90 mil (fonte: Cronoshare). E esses são apenas dois exemplos da infinidade de adequações que podem ser necessárias. 

Esse fator pode ser um empecilho para que a inclusão seja realmente efetiva e é nessa hora que entra a importância do planejamento. Afinal, construir uma empresa diversa não depende só da vontade do dono ou de seu departamento de recursos humanos. É preciso prever custos e fazer investimentos. Pode ser “caro” no início, mas o resultado vale a pena. 

Além da óbvia melhoria da imagem da empresa, quando você investe em um ambiente mais acolhedor e pacífico, isso reflete na melhoria do índice de satisfação e produtividade de todos os funcionários. Há indicativos, ainda, de que o aumento da diversidade aumenta a criatividade das equipes. Afinal, a tendência é que pessoas diferentes expressem diferentes ideias, abrindo espaço para a inovação. 

Por isso, na hora de contratar uma PCD, meu apelo é que as empresas prestem atenção nas necessidades dela, avaliem as adequações necessárias na arquitetura e na cultura da organização e tornem o ambiente acolhedor para todos. As empresas verdadeiramente inclusivas colaboram para que a sociedade seja menos capacitista, contribuindo para melhorar o mundo. E isso não vale muito a pena?

Share on whatsapp
Share on telegram
Share on twitter
Share on linkedin
Share on google
Share on email