Setembro verde: menos preconceito e mais inclusão das pessoas com deficiência

Setembro verde: menos preconceito e mais inclusão das pessoas com deficiência

Setembro verde é o nome dado à campanha anual que, durante todo o mês de setembro, pede atenção e visibilidade à inclusão das pessoas com deficiência (PCDs). Como palestrante na área de inclusão, chamo atenção para a relação dessa luta com outra campanha realizada nesta época: o Setembro Amarelo, que alerta sobre a prevenção das doenças psíquicas. 

Como pessoa com deficiência, posso afirmar que o preconceito, o capacitismo e as injustiças de modo geral são fatores que interferem na saúde mental das PCDs. Não é incomum que a falta de acesso a espaços públicos e privados, a negação dos nossos direitos e as reações preconceituosas à nossa existência provoquem adoecimento. Por isso, neste mês em que debatemos a inclusão e  também a questão da saúde mental, proponho uma reflexão: você já pensou que o preconceito pode ser a causa do adoecimento psíquico de muitas pessoas com deficiência?

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Setembro verde e a necessidade de inclusão

Nas minhas palestras sobre inclusão, eu sempre destaco minha história e o quanto precisei investir em autoconhecimento para aceitar meu corpo e a minha existência. O combate ao preconceito e às injustiças – tanto as que eu vivi quanto às praticadas contra outras pessoas – foi determinante, inclusive, na definição do meu propósito de vida, que é levar a mensagem da inclusão para um número cada vez maior de pessoas. E isso é tema para debater no Setembro Verde.

A experiência mais marcante da minha trajetória foi meu primeiro ano no Rio de Janeiro. Sozinha em uma cidade estranha, foi a primeira vez que me reconheci como pessoa com deficiência. Nessa época, comecei a ter algumas crises de ansiedade, passei por uma crise de pânico porque eu realmente não sabia lidar com o fato de que eu era uma pessoa com deficiência e o preconceito ia estar sempre comigo. 

Tem sido um longo caminho entender que eu preciso ser forte e me blindar, pois essas situações sempre vão acontecer, mesmo quando não estamos preparados para elas. No ônibus, no metrô, na praia, no shopping… Em todos os espaços, nós, pessoas com deficiência, temos que lidar com os olhares críticos e as falas capacitistas que geram um sentimento de inadequação. 

Quando penso em minha infância e adolescência, percebo que, desde muito nova, eu já sofria sintomas físicos por causa da exclusão e do preconceito. Porém, na época, eu não sabia me expressar e  seguia sofrendo sem entender direito a causa. Por isso, hoje, defendo que precisamos falar de saúde mental sem tabus, pois a ansiedade, a depressão e outras doenças não nos fazem pessoas inadequadas ou incompetentes. Pelo contrário, são situações que nos alertam para a necessidade de cuidado, de tratamento para que sejamos capazes de seguir a vida. 

Cuidados com a saúde mental 

O primeiro passo para me tornar forte e ser capaz de assumir meu propósito de vida por meio das palestras foi incluir os cuidados com minha saúde mental como parte da minha rotina. Atualmente, eu faço terapia, converso muito com minha rede de apoio e reservo um tempo ocioso para mim mesma. É nesse tempo que faço meditação, minhas orações assisto um filme e relaxo. Esse é um cuidado que me ajuda a conviver melhor com a autocobrança e entender que “está tudo bem” não ser perfeita sempre. 

Muito embora, como pessoa com deficiência, eu conheça de perto as dores causadas pelo capacitismo, minha causa é o combate ao preconceito de modo geral, seja ele o racismo, o machismo, a lgbtfobia e outros comportamentos não inclusivos que inibem a diversidade. Falar sobre o sofrimento psíquico causado pelo preconceito é algo fundamental na minha vida, pois acredito que o despertar da consciência é que vai tornar o mundo cada vez mais inclusivo. 

Para conhecer mais sobre minha trajetória e minhas palestras, acesse:

www.nanadatto.com.br

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